Bloco das Águas Livres

Boas-Vindas

Pretendemos neste espaço divulgar este Edifício emblemático de Lisboa e a sua história, bem como servir de plataforma de informação e comunicação não só para os residentes, mas também para todos os interessados nesta obra ímpar da arquitectura moderna portuguesa, classificada como Monumento de Interesse Público desde 2012.

O Bloco

A história do Bloco das Águas Livres, situado na Praça das Águas Livres n.º 8 e Rua Gorgel do Amaral n.º 1, começa quando a Companhia de Seguros Fidelidade quis apostar num edifício de qualidade para um público de “alto standard”. Estávamos no início da década de 50. Dez anos antes, o projecto de desenvolvimento do então conhecido Bairro de Alvalade entrara em marcha, com a construção de grandes blocos habitacionais. O cruzamento actual da Av. de Roma e a Av. Estados da América exemplifica a iniciativa urbanística da época.

A área que medeia o Jardim das Amoreiras e a Rua D. João V era na altura pouco desenvolvida e pouco habitada e nela pretendia-se replicar o que havia sido feito no Bairro de Alvalade, numa tentativa de renovação urbanística e populacional desta zona de Lisboa. Os edifícios construídos na Rua D. João V obedeciam a um estilo de arquitectura conservador. O Bloco das Águas Livres representava um novo estilo de arquitectura e promovia um novo estilo de vida, em que não só habitavam pessoas como haveria espaço para serviços, convívio e lazer.

Em 1953, o arquitecto Nuno Teotónio Pereira e o tirocinante Bartolomeu Costa Cabral apresentaram um projecto à Companhia de Seguros Fidelidade, aproveitando os laços familiares que Teotónio Pereira tinha com a administração. Nesse mesmo ano, o projecto obteve o licenciamento e a construção começou de imediato, tendo sido concluída em finais de 1956.

No projecto era patente a influência de Le Corbusier, que pretendia promover o sentido de comunidade nos edifícios habitacionais. Em 1952, Le Corbusier inaugura a Unidade de Habitação de Marselha, um edifício excepcional com capacidade para 1300 pessoas. O Bloco das Águas Livres, numa escala mais reduzida, estava inicialmente pensado para 130 pessoas. Do projecto inicial faziam parte mais três blocos habitacionais, mais baixos, um dos quais seria construído no sítio onde se encontra hoje o edifício do Ginásio Clube Português.

O Bloco das Águas Livres tem por cada piso de habitação, 1 T1, 3 T2, 2 T3 e 1 T4. Tem quatro ateliers de artistas preparados para habitação permanente implantados na cobertura, onde se encontra uma sala de festas, improvável na altura, e que hoje serve também o propósito de sala de condomínio. Os jardins e espaços verdes foram concebidos por Gonçalo Ribeiro Telles. O programa decorativo que caracteriza as áreas de uso coletivo inclui pinturas murais, mosaicos, vitrais e relevos de Almada Negreiros, Manuel Cargaleiro, Jorge Vieira, José Escada e Frederico George.

O Bloco das Águas Livres é um edifício classificado como Monumento de Interesse Público. De acordo com a Portaria 370/2012, publicada em Diário da República, 2.ª série, n.º 156, de 13 de Agosto de 2012: “O edifício distingue-se como uma das realizações mais inovadoras de Nuno Teotónio Pereira, tanto na forma como o arquitecto projetou a vivência quotidiana das casas, em rigorosa simbiose com os princípios da Arquitetura Moderna, como no papel determinante que teve na renovação do urbanismo da cidade.”

Os Arquitectos

Os arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Bartolomeu Costa Cabral conceberam o extraordinário edifício Bloco das Águas Livres, em Lisboa, em meados da década de 50.

Nuno Teotónio Pereira (1922-2016)

Nascido em Lisboa a 30 de Janeiro de 1922, Nuno Teotónio Pereira formou-se como arquitecto a 19 de Abril de 1949, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Estagiou com o arquitecto Carlos Ramos, um dos grandes impulsionadores da arquitectura moderna em Portugal. Na categoria de arquitecto estagiário, participou no I Congresso Nacional de Arquitectura de 1948, apresentando a comunicação “Habitação Económica e Reajustamento Social”, em colaboração com Costa Martins.

Trabalhou como arquitecto consultor da Federação de Caixa de Previdência – Habitações Económicas, entre 1948 e 1972. Em 1949 foi admitido como sócio – sócio n.º 132 – do Sindicato Nacional dos Arquitectos. Cinco anos depois, instalou o seu ateliê na rua da Alegria, em Lisboa, dando início a uma actividade notável no panorama da arquitectura nacional pela qualidade e quantidade das suas co-autorias com arquitectos como Nuno Portas, Pedro Botelho, Bartolomeu da Costa Cabral, Pedro Vieira de Almeida, Gonçalo Byrne, Duarte Nuno Simões e João Paciência. Foi, aliás, em colaboração com o Arquitecto Bartolomeu Costa Cabral que projectou o emblemático edifício Bloco das Águas Livres (1953-1956).
Morreu a 20 de Janeiro de 2016.

Prémios e distinções
Prémio da I Exposição Gulbenkian, 1955.
2.º Prémio de Arquitectura, II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, 1961, pelo Bloco das Águas Livres, Lisboa (em associação com Bartolomeu Costa Cabral), classificado em 2012 como monumento de interesse público.
Prémio Arquitectura da Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Críticos de Arte AICA (1985).
Prémios Valmor de 1967, 1971, 1975, respectivamente, Torre de Habitação nos Olivais Norte, Edifício Franjinhas na Rua Braamcamp e Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Lisboa. Obteve ainda as Menções Honrosas de 1987 e 1988 com Edifício na Rua Diogo Silves, n.º 18 e Edifícios na Rua Gonçalo Nunes números 31-45, ambos no Restelo.
Prémio I.N.H. de Promoção Municipal 1992, com empreendimento de 144 fogos em Laveiras, Oeiras.
Prémio Espiga de Ouro da Câmara Municipal de Beja, 1993.
Prémio Municipal Eugénio dos Santos da CML, 1995.
Membro honorário da Ordem dos Arquitectos desde Novembro de 1994.
Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, 2003.
Doutor Honoris Causa, pela Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, 2005.

Fontes
Wikipedia
Infopedia
Sigarra

Bartolomeu Costa Cabral (1929-)

Nascido em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1929, Bartolomeu Costa Cabral formou-se como arquitecto em 1957, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde mais tarde viria a exercer actividade docente (1968-1970). Estagiou por diversas vezes em Portugal e no estrangeiro – Centre Scientifique et Technique du Batîment, Paris, 1962; Greater London Council, Londres, 1965; Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 1967.
Iniciou actividade em 1956 no Gabinete de Urbanização do Plano Director de Lisboa (1956-1959).

Ainda como estudante de arquitectura trabalhou no ateliê de Nuno Teotónio Pereira (1950-1958), onde colaborou na obra emblemática Bloco das Águas Livres. Foi arquitecto da Federação de Caixas de Previdência-Habitações económicas (1960-1963). Trabalhou em associação com Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas (1958-1962), no ateliê de Conceição Silva e Maurício de Vasconcelos (1968) e no Gabinete de Planeamento e Arquitectura GPA (1969-1996). Tem ateliê pessoal desde 1973 onde, em nome próprio ou em associação com outros colegas, trabalhou em planeamento e desenvolveu inúmeros projectos de arquitectura por todo o País, salientando-se no domínio da habitação, do urbanismo e do equipamento educativo para o ensino superior.

Prémios e distinções
2.º Prémio de Arquitectura, II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, 1961, pelo Bloco das Águas Livres, Lisboa (em associação com Nuno Teotónio Pereira), classificado em 2012 como monumento de interesse público.
Prémio anual de Arquitectura Raul Lino (Agência da CGD, Sintra – 1978).
2.º Prémio no Concurso limitado “Estudo recuperação da zona costeira entre Boca do Inferno e Miradouro da Guia” (1985).
Menção Honrosa, Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura, 2009.
“Homenagem a Bartolomeu Costa Cabral” por ocasião do Dia Nacional do Arquitecto, Ordem dos Arquitectos, 2011.
Exposição retrospectiva e biográfica “A Ética das Coisas – Bartolomeu Costa Cabral 1953-2012”, no Convento de Cristo em Tomar, Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos, 2019.

Fontes
Wikipedia
Arquitectura Portuguesa